Já os vimos na passerelle, na televisão, nas revistas. Mas muito desconhecem o seu projecto mais recente. O Clube Divinal promete surpreender. Estive à conversa com a Mónica e o Rubim.
Já os vimos na passerelle, na televisão, nas revistas. Mas muito desconhecem o seu projecto mais recente. O Clube Divinal promete surpreender. Estive à conversa com a Mónica e o Rubim.
Um dia decidiram mudar de vida. Trocaram as artes gráficas e o design pelo Kitesurf, Lisboa pelo Algarve. Hoje são instrutores de Kitesurf e donos da Southadventures. Vivem os dias ao sabor do vento e de um desporto que lhes dá muito prazer.
Quem disse que os dias de vento não são bons para ir à praia?
Temos alunos que vêm directamente do sofá e da playstation. E possivelmente ao fim de 10 horas estão a andar e bem.
Ricardo Taveira
Somos a única escola móvel do Algarve. Se houver vento nós vamos lá estar.
Sofia Teles
Rita Filipe - Actualmente dedicam-se inteiramente à escola de kitesurf. Mas nem sempre foi assim. Que profissões tinham anteriormente? Quando é que este desporto entrou na vossa vida?
Sofia Teles – Nós vivíamos em Lisboa antes de nos mudarmos para o Algarve. E tínhamos profissões mais tradicionais. A minha área são as artes gráficas, trabalhava como produtora gráfica. Houve uma altura em que comecei a ficar cansada da vida de Lisboa, do tempo que se perde no trânsito. E em 2003 surgiu a oportunidade de mudar.
Ricardo Taveira – Eu tinha uma empresa a meias com o meu pai, trabalhava em design gráfico. Houve uma altura em que as coisas não estavam a correr como queria. Coincidiu com o facto de frequentarmos cada vez mais o Algarve ao fim-de-semana para praticar kite. Um dia olhámos um para o outro e decidimos vir para o Algarve.
RF - Como é que o Kitesurf entra na tua vida?
SF – Não aconteceu logo. Já tinha visto Kite e queria aprender. Na altura não havia muita gente a praticar em Portugal, ainda não existiam muitas escolas. Depois conheci o Ricardo também em 2003, soube que ele fazia kite e fiquei com vontade de aprender. Fiz o curso. Quando nos mudámos para o Algarve trouxemos a empresa que o Ricardo tinha na altura, que fazia webdesign e design gráfico. Ainda trabalhámos em design cerca de um ano e meio. Depois começamos a perceber que o circuito do design aqui é um pouco fechado e como somos de Lisboa era complicado ter trabalho nessa área. Percebemos que tínhamos de mudar de área para continuar no Algarve. Como aqui o que existe é muito em função do turismo e gostávamos muito de Kite, criámos a nossa empresa a partir de uma ausência no mercado. Definimos o nosso target, especialmente turistas estrangeiros.
Ricardo Taveira – Descobri o Kitesurf há muitos anos, numa fotografia numa revista de surf. Sempre adorei mar, faço surf desde os 12 anos e disse para mim próprio que ia aprender a fazer kite quando o desporto chegasse a Portugal.
RF – Como é que explicas o que é o Kitesurf? Que tipo de sensações temos? É parecido com o surf?
RT – É um desporto fácil, muito mais fácil que o surf. Imagina que só tens duas horas para a tua prática. No kite chegas à praia e estás essas duas horas a desfrutar, enquanto no surf tens a componente de remada, a espera das ondas.
ST – O Kite é um desporto que aproveitas desde o primeiro minuto. Desde que agarras no Kite mesmo fora de água, já te estás a divertir, estás a gostar e ficas motivada. Enquanto que o surf primeiro que consigas tirar partido precisas de um grande tempo de aprendizagem. Aqui o tempo de aprendizagem é curto.
RT – Temos alunos que vêm directamente do sofá e da playstation. E possivelmente ao fim de 10 horas estão a andar e bem. No surf ao fim de 10 horas se conseguires remar e ficar sentada na prancha sem cair já é bom. O kite é um desporto bonito, completo.
ST – É um desporto vistoso, que atrai muita gente. Se estiverem duas pessoas na água, uma a fazer kite e outra surf, 90% das pessoas olham para o kite.
RF – Vocês definiram os turistas estrangeiros como público-alvo. Pelo facto de estarem no Algarve ou os portugueses ainda não procuram muito este desporto?
RT – Pelo facto de estarmos no Algarve esse é o nosso público-alvo. Nos meses mais fortes também muitos alunos portugueses, mas são sobretudo estrangeiros.
ST- Em Portugal as pessoas estão mais habituadas a estar na praia. É natural que pessoas vindas de países como Inglaterra tenham mais vontade de experimentar um desporto novo durante as férias. Temos muitos clientes que fazem férias com o objectivo de fazer kitesurf. Então aproveitam um sítio como o Algarve, com um bom clima para aprender.
RF – Porque é que um cliente deve escolher a vossa escola?
ST – Aqui no Algarve somos a única escola móvel. Não estamos numa só praia. Temos a nossa base que é a loja em Faro. Temos um barco que está sempre connosco e vamos para onde estão as melhores condições de vento nesse dia. Se não há vento em Faro e há no alvor é para lá que vamos. Isso permite aos nossos cliente a garantia de que no período de férias vão poder fazer o curso nas melhores condições. Se houver vento no Algarve nós vamos lá estar.
RF – Há pouco estavam a dizer-me que o kitesurf é sazonal, entre Abril/Maio e Outubro. Como gerem a vossa vida profissional o resto do ano?
ST – Temos a loja… passamos o Inverno a organizar aquilo que será o Verão. Fazemos contactos com Hotéis, com agentes turísticos, updates de sites, publicidade em revistas, folhetos… temos alunos que a partir de Dezembro nos contactam para vir no Verão. E por isso em termos de contactos estamos a trabalhar o ano inteiro. A maior parte dos nossos cliente já chega ao Algarve com reservas, já sabem quem somos, qual a nossa forma de trabalhar.
RF- Vocês vivem ao sabor do vento. E se deixasse de existir vento? O que fariam?
ST – Inventávamos outra coisa qualquer. (risos)
RT – Provavelmente ligado ao turismo.
ST – Por incrível que pareça ainda há muita coisa para fazer em relação ao turismo no Algarve. Basta estar atento às necessidades do mercado.
RF – O que é que gostavam de explicar acerca do Kitesurf que ainda não vos tenha sido perguntado?
ST – Ainda há desconhecimento geral acerca do kitesurf. Tem sido uma grande batalha nos últimos anos. Queremos dar a conhecer o que é o Kitesurf ao público em geral e às autoridades.
RT – Queremos o reconhecimento legal acima de tudo.
ST – Nós não queremos perturbar ninguém nas praias. Queremos ter o nosso espaço e que todos estejam seguros. Porque praticar kite requer espaço. Não é numa praia cheia de gente a incomodar as pessoas que lá estão. De Verão estamos um pouco limitados. Por mais que nos afastemos existem sempre pessoas nesses locais. Então parece que estamos sempre a perturbar os outros. Com pessoas na praia, com barcos na água os nossos alunos não estão seguros. A própria polícia marítima não sabe o que fazer se tiver de socorrer quem está a praticar kite. Nós temos comunicado com as autoridades marítimas, já nos oferecemos várias vezes para dar formação, porque é importante. Por exemplo Tarifa, aqui já ao lado em Espanha, que é a Meca europeia do Kitesurf, é um local super organizado. Existem zonas para banhistas e zonas próprias para fazer kitesurf. E a própria polícia marítima sabe exactamente o que fazer para socorrer alguém. Aqui não há esse conhecimento. E isso é importante não só para a segurança dos banhistas como para os praticantes de kitesurf. Penso que esse é o passo seguinte, haver zonas próprias. No fundo o reconhecimento legal do desporto com tudo o que isso implica.
Kitesurf. O nome resulta da junção de duas palavras inglesas: Kite, que significa asa e Surf, do verbo inglês to surf, que significa navegar. Para praticar este desporto é utilizada uma asa presa à cintura do praticante, e uma prancha com uma estrutura de suporte para os pés.
Eles trocaram Lisboa pelo Algarve, as artes gráficas e o design pelo Kitesurf. Agora, vivem ao sabor do vento. Estive à conversa com a Sofia Teles e o Ricardo Taveira, instrutores de Kitesurf e donos da South adventures.
Após alguns meses de ausência estou de volta. Os compromissos profissionais não deixaram espaço para aquilo que me dá mais prazer. O blogue regressa com energia de verão. Aguardam-se muitas e boas conversas.