Um blogue em que os meus convidados são desafiados para uma entrevista em jeito de conversa de café
14 de Agosto de 2010

Um dia decidiram mudar de vida. Trocaram as artes gráficas e o design pelo Kitesurf, Lisboa pelo Algarve. Hoje são instrutores de Kitesurf e donos da Southadventures. Vivem os dias ao sabor do vento e de um desporto que lhes dá muito prazer.

Quem disse que os dias de vento não são bons para ir à praia?

 

 

Temos alunos que vêm directamente do sofá e da playstation. E possivelmente ao fim de 10 horas estão a andar e bem.

Ricardo Taveira

 

Somos a única escola móvel do Algarve. Se houver vento nós vamos lá estar.

Sofia Teles

 

 

Rita Filipe - Actualmente dedicam-se inteiramente à escola de kitesurf. Mas nem sempre foi assim. Que profissões tinham anteriormente? Quando é que este desporto entrou na vossa vida?

 

Sofia Teles – Nós vivíamos em Lisboa antes de nos mudarmos para o Algarve. E tínhamos profissões mais tradicionais. A minha área são as artes gráficas, trabalhava como produtora gráfica. Houve uma altura em que comecei a ficar cansada da vida de Lisboa, do tempo que se perde no trânsito. E em 2003 surgiu a oportunidade de mudar.

 

Ricardo Taveira – Eu tinha uma empresa a meias com o meu pai, trabalhava em design gráfico. Houve uma altura em que as coisas não estavam a correr como queria. Coincidiu com o facto de frequentarmos cada vez mais o Algarve ao fim-de-semana para praticar kite. Um dia olhámos um para o outro e decidimos vir para o Algarve.

 

 

RF - Como é que o Kitesurf entra na tua vida?

 

SF – Não aconteceu logo. Já tinha visto Kite e queria aprender. Na altura não havia muita gente a praticar em Portugal, ainda não existiam muitas escolas. Depois conheci o Ricardo também em 2003, soube que ele fazia kite e fiquei com vontade de aprender. Fiz o curso. Quando nos mudámos para o Algarve trouxemos a empresa que o Ricardo tinha na altura, que fazia webdesign e design gráfico. Ainda trabalhámos em design cerca de um ano e meio. Depois começamos a perceber que o circuito do design aqui é um pouco fechado e como somos de Lisboa era complicado ter trabalho nessa área. Percebemos que tínhamos de mudar de área para continuar no Algarve. Como aqui o que existe é muito em função do turismo e gostávamos muito de Kite,  criámos a nossa empresa a partir de uma ausência no mercado. Definimos o nosso target, especialmente turistas estrangeiros.

 

Ricardo Taveira – Descobri o Kitesurf há muitos anos, numa fotografia numa revista de surf. Sempre adorei mar, faço surf desde os 12 anos e disse para mim próprio que ia aprender a fazer kite quando o desporto chegasse a Portugal.

 

RF – Como é que explicas o que é o Kitesurf? Que tipo de sensações temos? É parecido com o surf?

 

RT – É um desporto fácil, muito mais fácil que o surf. Imagina que só tens duas horas para a tua prática. No kite chegas à praia e estás essas duas horas a desfrutar, enquanto no surf tens a componente de remada, a espera das ondas.

 

ST – O Kite é um desporto que aproveitas desde o primeiro minuto. Desde que agarras no Kite mesmo fora de água, já te estás a divertir, estás a gostar e ficas motivada. Enquanto que o surf primeiro que consigas tirar partido precisas de um grande tempo de aprendizagem. Aqui o tempo de aprendizagem é curto.

 

RT – Temos alunos que vêm directamente do sofá e da playstation. E possivelmente ao fim de 10 horas estão a andar e bem. No surf ao fim de 10 horas se conseguires remar e ficar sentada na prancha sem cair já é bom. O kite é um desporto bonito, completo.

 

ST – É um desporto vistoso, que atrai muita gente. Se estiverem duas pessoas na água, uma a fazer kite e outra surf, 90% das pessoas olham para o kite.

 

 

 

 

 

 

RF – Vocês definiram os turistas estrangeiros como público-alvo. Pelo facto de estarem no Algarve ou os portugueses ainda não procuram muito este desporto?

 

RT – Pelo facto de estarmos no Algarve esse é o nosso público-alvo. Nos meses mais fortes também muitos alunos portugueses, mas são sobretudo estrangeiros.

 

ST- Em Portugal as pessoas estão mais habituadas a estar na praia. É natural que pessoas vindas de países como Inglaterra tenham mais vontade de experimentar um desporto novo durante as férias. Temos muitos clientes que fazem férias com o objectivo de fazer kitesurf. Então aproveitam um sítio como o Algarve, com um bom clima para aprender.

 

RF – Porque é que um cliente deve escolher a vossa escola?

 

ST – Aqui no Algarve somos a única escola móvel. Não estamos numa só praia. Temos a nossa base que é a loja em Faro. Temos um barco que está sempre connosco e vamos para onde estão as melhores condições de vento nesse dia. Se não há vento em Faro e há no alvor é para lá que vamos. Isso permite aos nossos cliente a garantia de que no período de férias vão poder fazer o curso nas melhores condições. Se houver vento no Algarve nós vamos lá estar.

 

 

RF – Há pouco estavam a dizer-me que o kitesurf é sazonal, entre Abril/Maio e Outubro. Como gerem a vossa vida profissional o resto do ano?

 

ST – Temos a loja… passamos o Inverno a organizar aquilo que será o Verão. Fazemos contactos com Hotéis, com agentes turísticos, updates de sites, publicidade em revistas, folhetos… temos alunos que a partir de Dezembro nos contactam para vir no Verão. E por isso em termos de contactos estamos a trabalhar o ano inteiro. A maior parte dos nossos cliente já chega ao Algarve com reservas, já sabem quem somos, qual a nossa forma de trabalhar.

 

RF- Vocês vivem ao sabor do vento. E se deixasse de existir vento? O que fariam?

 

ST –   Inventávamos outra coisa qualquer. (risos)

 

RT – Provavelmente ligado ao turismo.

 

ST – Por incrível que pareça ainda há muita coisa para fazer em relação ao turismo no Algarve. Basta estar atento às necessidades do mercado.

 

RF – O que é que gostavam de explicar acerca do Kitesurf que ainda não vos tenha sido perguntado?

 

STAinda há desconhecimento geral acerca do kitesurf. Tem sido uma grande batalha nos últimos anos. Queremos dar a conhecer o que é o Kitesurf ao público em geral e às autoridades.

 

RT – Queremos o reconhecimento legal acima de tudo.

 

ST – Nós não queremos perturbar ninguém nas praias. Queremos ter o nosso espaço e que todos estejam seguros. Porque praticar kite requer espaço. Não é numa praia cheia de gente a incomodar as pessoas que lá estão. De Verão estamos um pouco limitados. Por mais que nos afastemos existem sempre pessoas nesses locais. Então parece que estamos sempre a perturbar os outros. Com pessoas na praia, com barcos na água os nossos alunos não estão seguros. A própria polícia marítima não sabe o que fazer se tiver de socorrer quem está a praticar kite. Nós temos comunicado com as autoridades marítimas, já nos oferecemos várias vezes para dar formação, porque é importante. Por exemplo Tarifa, aqui já ao lado em Espanha, que é a Meca europeia do Kitesurf, é um local super organizado. Existem zonas para banhistas e zonas próprias para fazer kitesurf. E a própria polícia marítima sabe exactamente o que fazer para socorrer alguém. Aqui não há esse conhecimento. E isso é importante não só para a segurança dos banhistas como para os praticantes de kitesurf. Penso que esse é o passo seguinte, haver zonas próprias. No fundo o reconhecimento legal do desporto com tudo o que isso implica.

 

 

 

 

Kitesurf. O nome resulta da junção de duas palavras inglesas: Kite, que significa asa e Surf, do verbo inglês to surf, que significa navegar. Para praticar este desporto é utilizada uma asa presa à cintura do praticante, e uma prancha com uma estrutura de suporte para os pés. 

 

 

publicado por Rita Filipe às 23:50
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